Arquivo

Archive for the ‘Manuscrito e outros’ Category

Desabafos – Uma ponte para minha ansiedade

19 de agosto de 2019 Deixe um comentário

É madrugada e vou acordar cedo, mas bateu inspiração. Sinto as palavras se rebelando dentro de mim para serem libertas e a gente sempre tem que atender aos caprichos da musa. Então vou simplesmente tentar escrever um desabafo aleatório.

Até porque se eu deitar para tentar dormir já sei como será: insônia. Minutos se acumularão e formarão dezenas até se transformarem em uma hora, duas ou mais apenas deitado na cama, pensando, respirando, girando, tentando não pensar e dormir e falhando. De tempo em tempo desistindo de não pensar e permitindo o fluxo achando que me levará ao sono. Não leva, aí volto a tentar parar. Mesmo agora escrevendo isso, uma voz dentro de mim me manda parar e ir deitar logo, “quanto mais cedo você tentar dormir mais cedo acabará o ritual da insônia e conseguirá dormir”. Costumo dar ouvido a essa voz e tentar dormir, mas hoje vou tentar ouvir à outra voz, a da inspiração.

Leia mais…

Vale da Coroa Capítulo 4

18 de dezembro de 2016 Deixe um comentário

O mais perigoso predador não é o mais feroz, mas o mais paciente.

 

Capítulo IV – Ano 145 da Era Humana – Outono

 

Não era muito difícil rastrear William Dufort, afinal de contas ele nem mesmo tentava se esconder. Muito pelo contrário, o desgraçado arrogante parecia fazer questão que todos os habitantes do Gigante soubessem onde ele está. O problema do Décimo-Quarto Kaziel não era a facilidade de rastrear William, mas a dificuldade de matá-lo.

O Décimo-Quarto Kaziel observou o paladino por meses. Quando o Culto do Ódio descobriu que o responsável pela miséria do seu povo, Comandante Dufort pretendia estabelecer residência fora do Vale da Coroa imediatamente enviaram os Kaziel para a missão para o qual eles foram criados. O Décimo-Quarto facilmente o localizou e estudou sua nova rotina para preparar seu assassinato. William Dufort possuía muitos lacaios, alguns deles iniciaram a construção de sua nova residência antes mesmo de ele se mudar. A poucos quilômetros ao Sudeste do Vale da Coroa eles localizam uma pequena lagoa em um bosque aberto com árvores espaçadas, o bosque ficava em um trecho de planície surpreendentemente plano com o único relevo próximo sendo uma suave elevação que mal poderia ser chamada de colina a cerca de 200 metros do lago. O Décimo-Quarto Kaziel observou quando os lacaios de William derrubaram as arvores que ficavam entre o lago e a colina e se valendo também de materiais e instrumentos entregues por algumas carroças vindas do Vale da Coroa, ergueram uma paliçada simples de dois metros de altura cercando uma área que incluía a pequena lagoa e a colina, cujo topo foi escolhido para erguer um edifício alto e retangular feito de pedra, com duas grandes janelas de vidros no andar mais alto. Enquanto a construção prosseguia mais pessoas se juntavam a eles, alguns vindos do Vale e outros de lugares diversos do continente.

O Décimo-Quarto Kaziel observou tudo de uma distância segura usando uma luneta. Acampava longe e dormia bem camuflado, ele foi discreto e paciente. Não tinha problemas em sobreviver por conta próprias por longos períodos e nunca sentiu falta de conforto ou de companhia. Depois de quatro meses que iniciaram as construções o seu se estabeleceu permanentemente nesse lugarejo. Nos dias que seguiram à sua chegada muitas novas pessoas chegaram ao local, a maioria se fixou permanentemente, inicialmente dormiam numa casa comum e redonda e recebiam material para erguer a própria casa. A paliçada foi reforçada e torres de vigia foram construídas adjacentes a ela. As casas lá dentro ficaram mais complexas, plantações e criações de animais como porcos, galinhas e carneiros, assim como a caça e pesca, garantiam alimento para todos.

Leia mais…

Categorias:Manuscrito e outros, RPG

Cor

7 de setembro de 2013 3 comentários

Cada pessoa na sua vida é especial à sua própria maneira, desde a maneira como se conhecem da maneira como a relação se desenvolve, e como um dia ela acaba. Algumas pessoas são especiais de tal forma que fazem parte de você, e quando elas se vão, você vai também. O que fica é um novo você, com uma nova vida, num mundo diferente com uma nota musical a menos.

Eu tinha acabado de nascer quando conheci o Heitor, meu irmão. E eu tinha 13 anos quando ele se despediu de mim.

Ele subiu na sua moto, uma TDM prateada, e perguntou: “Eu sou um bom irmão?” e eu disse “O melhor que eu poderia ter”. Foi o último dia da minha antiga vida.

Parece cena de filme, mas eu juro que foi assim. A vida é o melhor cineasta.

Quando eu era criança e estava aprendendo a falar, e ninguém entendia o que eu queria dizer, ele entendia. Eu passei muito tempo da minha infância ao lado dele, e aproveitei cada segundo, ainda bem. Eu até mesmo mudei de estado para aproveitar mais um ano de sua companhia. Uma nova vida, num mundo diferente com uma palavra a menos.

Lembro-me de estar deitado no beliche da nossa casa, quando ele saiu para fazer algo que eu era muito jovem pra ir com ele. Ele perguntou “Você não tem pressa de fazer 18 anos?” e minha resposta saiu natural, não sei de onde tirei essa ideia, mas respondi: “Não, eu acho que cada idade tem algo diferente para se aproveitar”. Sem pressa. Mal sabia eu.

No dia em que ele saiu com sua moto, pela última vez, ele me levou com ele. Uma nova vida, uma cor a menos no mundo.

Conto

25 de janeiro de 2013 Deixe um comentário

todo sonho começa pelo meio

A areia sob meus pés afunda enquanto ando pela praia. Não sei onde estou indo, mas sei que não estou perdido. À minha direita enxergo prédios, a cidade. Eu não me lembro de estar lá, mas sei que estava. À minha esquerda o mar. A maré ainda está baixa e a praia vazia, exceto por mim. Eu continuo andando descalço enquanto ouço as ondas quebrarem. As partículas de areia deslizam para os lados, cedendo sob a pressão das minhas pernas. Elas arranham de leve minha pele. Uma onda inesperadamente avança mais do que as outras e chega a mim, apenas um filete de água molha a sola do meu pé e volta para o mar. Num movimento de retração, e depois segue a expansão, retrai, expande. A praia é curta, fica numa pequena baía, de cada lado istmos rochosos. À minha frente, ao fundo, vejo a ponta de um desses istmos que se projeta do continente quase um quilômetro em direção ao mar, sempre subindo. Vejo a ponta dele, uma formação de grandes rochas. Para chegar até lá há um trecho de floresta, sei que existe uma trilha que me levará até o istmo, nunca fui, mas sei que há.

Meu pé afunda na areia uma última vez, barulho de atrito, e agora estou na pedra. Na ponta do istmo.

Leia mais…

Categorias:Manuscrito e outros

Carta de um ex-escravo

17 de novembro de 2012 Deixe um comentário

Sigo no Twitter o roteirista de HQ’s Dan Slott, que retuítou um link de um site chamado Letter of Note, que por sua vez apresentou um carta interessantíssima que traduzi parcamente e aqui reproduzirei.
Primeiro o link: http://www.lettersofnote.com/2012/11/wretched-woman.html
A história por trás da carta é a seguinte, Jarm Loguen nasceu escravo e aos 21 anos de idade fugiu usando uma égua de seu “dono”, 26 anos mais tarde mudou seu nome para Jermain Wesley Loguen e se instalou em Nova York, onde fundou escolas para negros, começou sua prória familia, tornou-se pregador e ativista a favor da abolição.

Nessa época o Sul dos Estados Unidos ainda praticava em massa, como estilo de vida, a escravidão nas suas áreas rurais e o Norte lutava contra isso.

A esposa do seu antigo dono então, lhe mandou um carta, reproduzida abaixo, cobrando mil dólares pela égua que ele levou e mandando noticias de sua mãe, Cherry, e irmãos e irmã, Abe e Ana.

Logo abaixo a tradução livre da minha parte da carta de resposta do Jermain.

Leia mais…

Categorias:Manuscrito e outros

Conto da lua cheia parte 2

26 de março de 2011 Deixe um comentário

Segue a segunda parte do conto, explicações no próximo post:

Flecha Prateada

Como é mesmo aquela música? Dum dum durum dum dum Du-dum dum. Não lembro a letra, só da batida, é assim: Dum dum durum dum dum Du-dum dum. Como é o nome mesmo? Droga. Como consigo pensar nisso justo agora? Concentre garota.

Flecha Prateada lenta e profundamente inspira enquanto encara um lobisomem, com um outro logo atrás. Duas grandes massas de músculos e pêlos, se esgueirando devagar, barrigas quase encostadas ao chão, sangue escorrendo de suas grandes presas. Estela tamborila os dedos ao ritmo de uma música esquecida, no cabo de flechas de prata, uma em cada mão, então para de tamborilar e as segura com mais firmeza, pronta para usá-las como armas brancas. Com batidas do pé no tapete ela marca o que acredita ser segundos. Do outro lado do tapete vinho com linhas onduladas douradas o lobisomem de pelugem preta deixa manchas rubras enquanto avança cuidadosamente, primeiro uma mão, depois a outra, logo após os pés, movimentos estranhamente leves para uma criatura tão grande. Um pouco atrás o lobisomem cinzento fica de pé e para de avançar, exibe seus dentes afiados num rosnado e coloca o pé em cima da aljava caída ao chão ao lado do arco. Leia mais…

Categorias:Manuscrito e outros

Conto da lua cheia parte 1

18 de março de 2011 Deixe um comentário

Tem sido difícil escrever o post que eu pretendia, então para espantar as moscas decidir postar algo que estava esperando para começar a postar aqui. Well, acho que esperei o suficiente para perceber que esperar mais não vai mudar em nada. Nem o desejo de postar, nem o desejo de alterar o conteúdo. Então aí vai um escrito meu, a segunda parte coloco outro dia com mais explicações:

Full Moon in Evernight

Morpheu

É noite de lua cheia na cidade de Sempre Noite. Para supersticiosos é motivo de comentários, para os apaixonados e românticos é motivo de inspiração, para meteorologistas um fenômeno já previsto. Para a Estela Gray, também conhecida como Flecha Prateada, a lua cheia é mais do que tudo isso, pois como é portadora da maldição de Pandora, monstros irão atrás dela. E por isso os Guardiões estão nas ruas, e chegaram ao acordo de não deixá-la sozinha. No momento Morpheu, o último de uma raça de monstros, os Slaughter, está acompanhando-a. Foi uma escolha estratégica:

– Ele é forte e ainda imortal, sem contar que o melhor para escapar, se preciso – Disse Caio Hall, o Sniper, no QG dos Guardiões, quando anoitecia e eles se reuniram para decidir o que fariam naquela noite de lua cheia.

– Mas eu sou mais forte e também sou rápido – Argumentou o químico Haldor “Iceberg” o Gigante de gelo.

– Nada supera o teleporte de Morpheu na hora de uma manobra evasiva, nem mesmo a minha super-velocidade.

– Aí , quando o Morphis me tirar de perto do bicho feio, você e o Sniper ficam livres pra quebra ele – E assim Estela convenceu Iceberg, e chegaram nesse acordo.

Morpheu estava presente, mas não falou nada durante a reunião. Ele concordou com tudo que foi dito, exceto quando Sniper o chamou de imortal. Ele não o é, e sabe disso, “Eu não envelheço como os humanos e me regenero muito mais rápido, podendo até voltar de um estado físico que os humanos consideram mortal, mas mesmo assim, posso ser morto.” pensa Morpheu enquanto pula de um prédio para outro sem tirar os olhos de Flecha Prateada andando de moto, na rua ao lado, ele poderia estar na garupa dela, mas odeia a tecnologia moderna, mesmo sendo sempre agradável conversar com a Estela, ou melhor, ouvi-la falando sobre os últimos acontecimentos, porque Morpheu não fala muito, ao contrário de Estela.

Mas Morpheu gosta de ouvir suas histórias, ele sempre se admira como um humano tão jovem pode ter tanta história, e ele mesmo tendo mais de 500 anos, não tem quase nenhuma. “Vou correr ao lado dela, assim poderemos conversar… Não, melhor não, hoje ela não é a minha amiga Estela, e nem minha parceira de equipe Flecha Prateada, hoje ela é uma Slayer, guerreira treinada para matar monstros. Monstros como eu.” Leia mais…

Categorias:Manuscrito e outros